Guarujá
No início do ano de 1952, estive em Guarujá, acompanhando meus tios Paulo e Mercedes que estavam em viagem de lua de mel. Eles vieram para Santos, onde passaram alguns dias, e quando foram visitar o Guarujá convidaram a mim e ao meu irmão Sérgio para que fôssemos também. Guarujá fica logo ali, do outro lado do estuário, e achei incrível ter ido conhecer a cidade somente quando já tinha quatorze anos. O problema é que o acesso, naquela época, era muito difícil. Hoje há balsas para carros, e barcas para pedestres, que saem da Ponta da Praia e atravessam os 400 metros que existem entre Santos e Guarujá. Do outro lado, uma avenida, com várias linhas de ônibus. Naquela época, também havia pequenas balsas, que transportavam alguns carros, mas parece que a travessia era realizada principalmente por barcas que saíam da região do Mercado, ou da Alfândega de Santos, para o Itapema (atualmente Vicente de Carvalho). Em Itapema havia um trenzinho que ia até a Estação da Praia de Pitangueiras. Consta que o percurso tinha somente 9 quilômetros, mas na minha imaginação era muito maior. Foi exatamente dessa forma que chegamos ao Guarujá.
No centro, a estação da praia de Pitangueiras, tendo à esquerda o Morro do Maluf
Foto: cartão postal da década de 1950
Pude confirmar tudo isso com minha tia Mercedes, que lembra perfeitamente de todos os detalhes da sua viagem de núpcias. Chegando ao Guarujá, meu tio Paulo alugou duas charretes, para que pudéssemos passear pela cidade, pois ainda não existiam carros de aluguel. Dos passeios que fizemos, lembro bem da visita ao famoso edifício Sobre as Ondas, que tinha uma escadaria ao seu lado. Essa foto, da época da sua inauguração em 1951, pode ser vista em www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp169.asp, em texto do arquiteto Maurício Azenha Dias.
O Edifício Sobre as Ondas – fachada curva abraça o mar. Foto de José Moscardi doada por Oswaldo Correa Gonçalves a FAU Santos
Anos depois desse passeio, mais precisamente em 1960, passei a trabalhar, como professora, em Guarujá. Até o final de 1966, para chegar na escola onde lecionava, eu tomava -às 6:30h da manhã- o ônibus 4 (na esquina de casa) e ia até a Ponta da Praia. Lá, embarcava na balsa, que até então levava carros e passageiros, para a pequena travessia e, do outro lado, tomava outro ônibus. Na mesma avenida onde ficava a escola, encontrava-se em exposição (e penso que ainda se encontra) a pequena locomotiva a vapor do trenzinho que fazia Itapema-Guarujá. Nos meus útimos anos de magistério, eu já estava motorizada, e fazia o percurso de carro, um fusquinha azul, até a Ponta da Praia. Entrava na balsa com ele, e seguia pela rodovia até o centro da cidade. Hoje essa rodovia é uma avenida, rodeada por ruas completamente construídas, que em nada lembram os enormes espaços vazios do ano de 1969, quando me despedi da carreira do magistério.
Comentários
http://guarujaonline.wordpress.com/2010/06/11/descricao-do-guaruja-no-ano-de-1954/
Pena que hoje a cidade de guarujá é atual ex-pérola do atlântico, devido ao abandono por parte de todos os políticos.
Se desejar, veja matérias com textos e fotos publicadas nos sites: sosguaruja.com e guarujaonline.